Notas em Dia
Correr ou não, eis a questãoCorrer ou não, eis a questão

Correr ou não, eis a questão

Correr ou não, eis a questão

Basta simplesmente pôr um pé à frente do outro e repetir. Quando, onde e com quem se quiser ou sozinho, porque não?, durante o tempo que se quiser ou as pernas aguentarem. Não estranha, por isso, o número de pessoas que vemos a correr diariamente na cidade, campo, estradas secundárias, serras e montanhas. Venha daí, é fácil e não custa nada.

O dia estica, adapta-se o intervalo para almoço, as horas de sono reduzem-se, se necessário. Tudo para “esticar um pouco as pernas”, como é comum dizer-se. Leia-se antes correr. A verdade é que são cada vez mais os adeptos desta modalidade e vemo-los um pouco por toda a parte, na ida ou no regresso do trabalho, quando uns saem da discoteca ou outros recolhem ao conforto do lar para jantar. Já para não falar das provas de 5, 10, 15 quilómetros, meias maratonas, maratonas e ultramaratonas por este país fora e além-fronteiras onde se não participamos, decerto temos alguém conhecido a fazê-lo.

Mas o que leva afinal tantas pessoas a renderem-se à corrida com paixão? Desafio de amigos, recomendação médica, saída do ginásio para fazer face à crise, gosto inato ou adquirido, as hipóteses são inúmeras, aliadas na generalidade à facilidade da prática desta modalidade, que exige apenas disponibilidade, roupa e calçado confortável, embora já haja até quem defenda correr descalço.

Se ainda não experimentou, mas sente alguma curiosidade, arrisque. Fundamental é mesmo a vontade e depois gostar, um gosto, aliás, que em muitos casos se adquire – começa-se por experimentar, vai-se melhorando a resistência e/ou a velocidade, e fica o “bichinho”. Independentemente de fazer 3 ou 20 quilómetros por dia ou semana, o importante é sentir-se bem; não adianta insistir muito se não houver qualquer prazer, mas até experimentar algumas vezes, é impossível sabê-lo.

Fica, no entanto, a dica: correr faz bem. Ao corpo e ao espírito. Desde que não haja qualquer contraindicação médica, como acontece com qualquer outra modalidade – antes de começar, independentemente da idade, informe-se com o seu médico.

 

Vantagens acrescidas

A prática regular de exercício físico faz bem e correr não é exceção. Menos visitas ao médico é certamente um dos benefícios. Aumento da capacidade respiratória, prevenção e/ou redução de hipertensão, fortalecimento do sistema imunitário, controlo de peso, menor risco de cancro de cólon e de cancro de mama, aumento da densidade óssea e fortalecimento das articulações e da estabilidade são alguns dos proveitos que pode retirar da corrida. Mas não só. Mente mais aguçada, redução do risco de demência e de doença de Alzheimer, aumento de autoestima e níveis inferiores de stress são outras das mais-valias, tal como a possibilidade de dormir melhor. E viver mais tempo.

Há ainda mais. Já imaginou a liberdade de poder correr em qualquer lado, no jardim ao pé de casa, na estrada, à beira-rio, em trilhos, praia, campo, cidade ou até em passadeira. E em viagem, dado não requerer muito espaço. O equipamento exigido é, aliás, muito básico: ténis, T-shirt e calções. Quanto mais técnicos forem os tecidos, maior o conforto e nos dias mais frios acrescentar um casaco e trocar os calções por calças é boa ideia. Quando se sentir mais à vontade, tem muito por onde escolher no que respeita a equipamento. Já para não falar em tecnologia, caso das apps para telemóvel, relógios com GPS ou cardiofrequencímetros, leitores de música, etc. Precisa de correr com tudo isto? Não, mas convém usar material refletor à noite e até mesmo frontais (lâmpadas para a cabeça ou peito), no caso de correr em locais não iluminados e de piso irregular, por exemplo, por uma questão de segurança, tal como telemóvel, especialmente se correr sozinho. Se gostar de ouvir música, atenção ao volume: deverá permitir-lhe ouvir o que se passa à sua volta (carros, pessoas, etc.).

No que respeita à sua vida social, correr permite-lhe sempre conhecer pessoas, como, por exemplo, aquelas com que se cruza repetidamente ou através dos vários clubes de corrida existentes em todo o país, um boa ideia para quem não tem amigos com os quais correr por razões diversas – basta saber quando e onde se encontram para correr e juntar-se! Se tiver cão e a raça o permitir, é uma experiência igualmente a tentar. Certifique-se, no entanto, de que leva água para o animal ou que passa por zonas com bebedouros.

 

Posso correr?

Salvo contraindicações médicas, por exemplo, no caso de cardiopatias ou outros problemas cardiovasculares, problemas nos joelhos ou coluna ou excesso de peso, pode-se correr à vontade. Não convém é exagerar, sob pena de se ver obrigado a parar devido a lesão. Comece devagar, alternando corrida com caminhada (aumente progressivamente os períodos de corrida e diminua os de caminhada até conseguir correr de seguida) e vá aumentando distância e/ou velocidade à medida que se sentir confortável.

 

Onde correr

 

EM LISBOA

  • Parque do Monsanto – Local eleito por muitos atletas, profissionais e amadores, pela diversidade oferecida em termos de percurso, caso dos trilhos, caminhos e troços de alcatrão, como de dificuldade – prepare-se para algumas subidas e descidas!

 

  • Parque das Nações – Entre o Parque das Nações ao Jardim do Passeio dos Heróis do Mar e ao Parque Tejo, tem cerca de 5 km com piso variado à sua disposição.

 

  • Estádio Universitário – Em terra batida e gravilha, o percurso estende-se ao longo de 3 km, sendo ideal para todos os praticantes.

 

  • Zona ribeirinha – Entre Algés e o Cais do Sodré, encontra um percurso bastante acessível e muito frequentado, com boa vista e alguns dos monumentos emblemáticos da capital. Para as pernas mais treinadas e com provas longas no horizonte, o percurso torre de Belém-Parque das Nações é uma boa opção (ida e volta são cerca de 30 km).

 

  • Passeio Marítimo de Santo Amaro – Entre a praia da Torre (Oeiras) e Paço de Arcos, tem 3,5 km por onde correr com o mar como pano de fundo.

 

  • Paredão de Cascais – Estendendo-se ao longo de 3 km, desde a praia da Duquesa (ou praia da Conceição), em Cascais, até à praia da Azarujinha, em São João do Estoril, é também uma boa opção para quem gosta de correr com o mar por companhia. Para “esticar” um pouco mais as pernas, entre Cascais e o Cais do Sodré, consegue-se correr bastante bem; só tem mesmo de definir o ponto de partida em função da distância definida.

 

  • Ciclovia do Guincho (Cascais) – Desde a marina de Cascais até à praia do Guincho, são cerca de 9 km de ciclovia que terá de partilhar com ciclistas, por isso terá de ter algum cuidado para todos desfrutarem da melhor forma.

 

NO PORTO

 

  • Parque da Cidade – Com um perímetro de cerca de 4,5 km e piso de terra batida é ideal para qualquer corredor, com a vantagem adicional da paisagem.

 

  • Foz do Douro – Ao longo do calçadão da Avenida Brasil encontra um bom espaço para correr.

 

  • Frente Marítima de Gaia – Uma das zonas mais populares para correr, estende-se ao longo de mais de 15 km, entre a Afurada e Espinho.

 

  • Marginal do Porto – Com início no Castelo do Queijo e fim na ponte do Freixo ou vice-versa, são aproximadamente 25 km (ida e volta), com vista para o mar, rio e cidade.

 

  • Parque Oriental – Com uma área de cerca de 10 hectares de espaços verdes e percursos pedonais, tem vindo a registar uma adesão crescente de praticantes de corrida.

 

  • De Leça da Palmeira à Póvoa de Varzim: um passadiço de madeira, intercalado com pequenos trilhos de terra (ou, em opção, areia) permite percorrer uma distância de cerca de 30 quilómetros e passar por praias e locais com vistas de sonho a que não se tem acesso de carro.

 

 

NO ALGARVE

 

  • São Brás de Alportel – A partir da Fonte da Mesquita, ida e volta, são 9 km bastante aprazíveis entre estrada asfaltada e vias rurais.

 

  • Percurso de Interpretação da Praia Grande – Com início no parque de estacionamento da praia dos Salgados, segue pela lagoa rumo à foz da Ribeira de Espiche e depois por um passadiço de madeira ao longo do cordão dunar em direção ao ponto de partida, sempre em boa companhia, como bandos de flamingos, por exemplo.

 

  • Mata Nacional das Dunas de Vila Real de Santo António – Situado entre Vila Real de Santo António, com início no Centro de Informação Ambiental do Camaleão, e Monte Gordo, estende-se por cerca de 5,5 km em terra batida e areia.

 

  • Açoteias-Vilamoura – Alterando asfalto, terra batida e, se quiser, passadiço de madeira, é uma opção para quem se encontra nas redondezas. Basta seguir das Açoteias em direção à praia dos Tomates e depois na direção de Vilamoura, podendo optar já aqui por percorrer parte da distância no passadiço das praias. Depois é só atravessar a ponte de madeira e seguir até ao final da marina e regressar pelo mesmo caminho.