Notas em Dia
No Mundo Encantado do ChocolateNo Mundo Encantado do Chocolate

No Mundo Encantado do Chocolate

No Mundo Encantado do Chocolate

Era uma vez uma doce aldeia, onde as casas eram feitas de chocolate e decoradas com coloridos doces e as ruas eram de caramelo brilhante e tinham chupas e lampiões de goma pendurados e, nas ombreiras das portas, pequenas luzes de smarties coloridos. Nesta aldeia, viviam centenas de crianças que corriam nas ruas jogando e brincando cheias de alegria, entre as quais dois irmãos: o João e a Joana. Felizes e contentes, os manos passavam os seus dias a cantar, pular e em muitas outras brincadeiras!

Certo dia, por entre as árvores majestosas que circundavam a aldeia, surgiu uma pequena menina triste, franzina e envergonhada. Tinha-se perdido na floresta e não podia acreditar no que viam os seus olhos. Esta menina chamava-se Ana e era filha de um pobre lenhador. Vendo-a, os dois irmãos correram até ela e perguntaram-lhe porque estava tão triste e o que fazia ali. A menina com os olhos cheios de lágrimas respondeu:
 – O que faço aqui, não sei. Acho que estou perdida! Perdi-me do meu pai, o lenhador, e não consigo encontrar o caminho de volta. Enquanto andava pela floresta ouvi as vossas músicas e corri para cá, nunca imaginei que alguém pudesse ser assim tão feliz… A pequena Joana, com os seus olhos cor de mar, disse à menina:
 – Nós ajudamos-te! Traz as tuas coisas, descansas na nossa casa e amanhã, mal o Sol nasça, saímos à procura do teu pai. Ana admirada disse:
 – Eu não tenho nada, nem brinquedos, nem roupa, nem sorrisos, o que tenho é este vestido de trapos.
 O João e a Joana trocaram um olhar cúmplice e disseram ao mesmo tempo:
 – Não tens? Nada?
 – Nós não sabíamos que existiam meninos assim, sem brinquedos e que não sabem sorrir. Que tristes devem ser – disse o João.

A Joana com um ar pensativo acrescentou:
– Se não tens brinquedos, como podes brincar?

Ao chegarem a Ana nem queria acreditar, era a casa mais especial com que algum dia poderia ter sonhado. Na entrada, uma fonte de chocolate, as paredes de um rosa tranquilo cheiravam a bolo de morango acabado de fazer, as escadas de mel fresco convidavam a entrar, no quarto, as caminhas dos irmãos eram pequenas nuvens brancas de algodão-doce, com chocolate quente à cabeceira.

Com o cair da noite, chegaram os pais dos dois irmãos. Entre atropelos, os dois irmãos contaram-lhes toda a triste sorte de Ana. Depois de porem as crianças a descansar, os pais dos irmãos juntaram toda a aldeia e traçaram um plano: iam dividir-se em dois grupos: o primeiro grupo sairia de imediato para a floresta e tentaria encontrar a casa de Ana e o seu pai, que certamente deambularia por entre as sombras da noite à procura da sua única filha; o outro grupo tinha a missão de construir, durante a noite, uma nova casinha de pão de ló com cobertura de suspiro e entrada de canela para abrigar esta nova família. A má sorte de Ana e do seu pai teria esta noite, certamente, um fim!

Não demorou muito quando o primeiro grupo ouviu uma voz já fraca e cansada a chamar pela Ana. Ao aproximarem-se do lenhador tranquilizaram-no dizendo que a sua filha estava bem e a descansar. Estas palavras foram as últimas que o lenhador ouviu antes de cair sem forças, há dias que não comia e há várias horas que andava sem rumo, morrendo de tristeza pelo desaparecimento da sua querida Ana. Os aldeões transportaram-no em ombros. Chegados à aldeia deram-lhe um pouco de bolo e leite quente. Depois prepararam-lhe uma cama e o lenhador aconchegou-se junto da sua menina.
 Ao amanhecer o segundo grupo terminou também a sua tarefa.
 O João e a Joana, que já haviam acordado, não se conseguiam conter com tanta alegria. A Ana e o pai tinham uma casa!
 Entretanto, o João e a Joana lembraram-se do que a sua nova amiga tinha dito e separaram alguns dos seus brinquedos e roupas. A Joana disse:
 – Eu dou os meus patins de morango e a minha boneca de torrão. Dou também o meu vestido decorado com flocos de neve, a minha saia de raios de sol e o meu perfume de xarope de tutti-frutti.

– E eu – disse o João – divido o meu baloiço de rebuçado e vou construir-lhe um skate de chocolate.

Quando terminaram de separar os seus brinquedos dirigiram-se à nova casa de pão de ló, construída durante a noite e arrumaram tudo. A pequena casa parecia uma gota do paraíso!
 Quando o lenhador e a Ana acordaram e viram o que os aldeões tinham feito, nem queriam acreditar! Pai e filha estavam de novo juntos e isto já era o suficiente para estarem eternamente agradecidos, mas a solidariedade gerada na aldeia foi mais além… O chefe de aldeia convidou o lenhador a ficar na aldeia e ofereceu-lhe trabalho.

A pequena Ana começou a sentir as suas lágrimas a secarem e os seus lábios a sorrirem e disse:
 – Finalmente posso ser feliz! Com a vossa ajuda fiquei igual a vocês!

Comovidos, a felicidade era tal que não conseguiam parar de sorrir.
 – Viveremos juntos, nesta aldeia, felizes para sempre, porque sabemos que tudo é possível se formos solidários, acreditarmos no amor e se soubermos partilhar! – rematou o lenhador.Agora já sabes, amiguinho, além de poupar deves também saber ajudar e partilhar o que tens. Assim serás feliz e farás do mundo um lugar melhor!


Autores
Rita Anes e Nuno Coelho
Design
CAETSU TWO