Notas em Dia
O Casamento da CarochinhaO Casamento da Carochinha

O Casamento da Carochinha

O Casamento da Carochinha

Era uma vez
Uma linda Carochinha,
Formosa e bonitinha,
Que enquanto varria a cozinha,
Encontrou uma moedinha.

Contente a Carochinha,
Um vestido novo comprou,
E à janela cantou:
“Quem quer casar com esta Carochinha,
Tão formosa e bonitinha, quem quer?”

“Quero eu, quero eu!”, disse o Cão.
“E que tens para me dar?”
Perguntou a Carochinha.
“Tenho esta moedinha, minha Carochinha,
Sou trabalhador e muito poupado,
Um bom lar te posso dar.”

“Cão”, disse a Carochinha,
“Tens pouco para me dar,
Contigo não vou casar.”
E voltou a cantar:
“Quem quer casar com esta Carochinha,
Tão formosa e bonitinha, quem quer?”

“Quero eu, quero eu!”, disse o Gato.
“E que tens para me dar?”
Perguntou a Carochinha.
“Um sapato de cristal
Que condiz com o teu avental,
Que tal? Não serei eu o ideal?”

“Gato”, disse a Carochinha,
“Tens pouco para me dar,
Contigo não vou casar.”
E voltou a cantar:
“Quem quer casar com esta Carochinha,
Tão formosa e bonitinha, quem quer?”

“Quero eu, quero eu!”, disse o Burro a zurrar.
“E que tens para me dar?”
Perguntou a Carochinha.
“Tenho resmas de palha a fartar,
No quentinho iremos ficar
Muito conforto te irei dar.”

“Burro”, disse a Carochinha,
“Tens pouco para me dar,
Contigo não vou casar.”
E voltou a cantar:
“Quem quer casar com esta Carochinha,
Tão formosa e bonitinha, quem quer?”

“Quero eu, quero eu!”, disse o João Ratão.
De fato novo e todo pimpão,
Com o seu ar de bonacheirão,
Retorquiu esta canção:

“Ouro, joias e moedas a brilhar
São os tesouros que tenho para te dar,
Não vai ser preciso poupar,
Nem sequer trabalhar,
Passaremos os dias a gastar!”

“João Ratão”, disse a Carochinha,
“Com tanto para me dar,
Contigo irei casar.”
O dia do casamento chegou,
E a Carochinha se embelezou,
De vestido branco passeou,
E quando à Igreja chegou,
O João Ratão não encontrou.

“Onde estará o meu amado,
Por quem tanto tenho esperado,
Só pode estar adoentado,
Pois senão, já teria chegado,
Ou terei eu na minha escolha errado?”

Na verdade, mal sabia a Carochinha
O que se passava na sua cozinha,
Estava lá o seu amado,
Na panela debruçado,
Apenas interessado nos petiscos que lá tinha.

De tão guloso que era, revelou o que queria,
Afinal, que amor era esse?
Ele apenas tinha interesse,
Pois não havia igual iguaria àquela que via.
“Que grande cozinheira, esta Carochinha, disso eu sabia!”

E assim, a Carochinha chorou,
Com o João Ratão não casou,
Pois viu que na sua escolha errou,
Escolheu o marido que a encantou,
Apenas porque abastado se mostrou.

Afinal, devia ter escolhido outro marido,
Mas quem devia ter sido?
A Carochinha um maior cuidado devia ter tido,
E havia de ter ouvido o que lhe haviam dito.
Poupava a sua moedinha, e melhor escolhia o seu preferido.

Sem ser preciso poupar, ou sequer trabalhar,
O que poderia a Carochinha ganhar?
É sempre melhor bem pensar,
Pois asneira pode dar!


Autores
Rita Anes e Nuno Coelho
Design
CAETSU TWO