Economia circular: como contribuir em quatro passos
Economia circular: como contribuir em quatro passos
Um novo modelo económico de produção e consumo, a economia circular visa minimizar o uso dos recursos naturais, reduzir o lixo e as emissões de CO2, prolongando a vida útil do que consumimos. Saiba o que é e como contribuir.
Conseguir fazer-se mais com menos recursos naturais. Este é o objetivo da economia circular, “um modelo de produção e consumo que envolve a partilha, aluguer, reutilização, reparação, restauro e reciclagem dos materiais e produtos existentes durante o maior tempo possível”, segundo o Parlamento Europeu. O objetivo, explica esta instituição, é que quando um produto atinja o seu tempo de vida útil, os seus materiais sejam mantidos na economia sempre que possível para serem (re)utilizados uma e outra vez, criando valor crescido.
De forma mais simples, trata-se da produção de bens e serviços de forma durável, limitando o consumo e o desperdício dos recursos e a produção de resíduos/lixo.
Os pilares da economia circular
A economia circular assenta sobre sete princípios: repensar, reduzir, reutilizar, reparar, renovar, reciclar e recuperar.
- Repensar: repensar a forma como consumimos, dando preferência por produtos mais duradouros e mais sustentáveis, reduzindo o consumo de recursos e os resíduos, por exemplo, produtos cujo plástico PET foi produzido a partir de materiais reciclados.
- Reduzir: reduzir o consumo, adquirindo apenas o necessário e escolhendo produtos com maior durabilidade.
- Reutilizar: usar os produtos mais do que uma vez, ou seja, em vez de usar algo uma ou poucas vezes e depois deitar fora, doar, alugar, ou vender. Isto pode aplicar-se, entre outros, a roupa, brinquedos, mobiliários, gadgets, etc.
- Reparar: consertar os produtos em vez de os deitar fora. Mais uma vez desde roupa e calçado a eletrodomésticos, isto pode aplicar-se a imensos produtos que nos rodeiam.
- Renovar: estender a vida útil dos artigos que já não se usam, dando-lhes uma nova vida, adaptando-os para novos fins, como por exemplo, construir mobiliário ou horta na varanda a partir de paletes de madeira, transformar camisas velhas em sacos de compras ou usá-las em patchwork, etc.
- Reciclar: fazer separação de resíduos em casa e colocá-los no devido contentor/ecoponto, permitindo uma redução da extração de matérias primas.
- Recuperar: extrair recursos de artigos em final de vida e usá-los no fabrico de novos produtos, reduzindo resíduos e prolongando a sua vida útil, caso, entre outros, dos metais e outros materiais dos computadores e outros artigos eletrónicos, aproveitados posteriormente para outros dispositivos.
Como contribuir para a economia circular?
Passar de uma economia de consumo linear para uma circular passa sobretudo pela mudança de hábitos. Ficam algumas sugestões que pode começar a aplicar desde já.
- Repense a alimentação. Na hora de escolher a fruta e hortícolas, prefira sempre os da época e, de preferência, locais; além de mais saborosos e nutritivos, o preço é mais acessível e a pegada ecológica é menor – o transporte de longa distância dos produtos alimentares está associado a uma forte emissão de gases poluentes e a produção fora da época requer maior consumo de água e energia. O mesmo deverá ser aplicado à carne e ao peixe, devendo-se optar por espécies menos ameaçadas, que pode consultar no cartão SOS Oceano, que pode descarregar e afixar no frigorífico, e também o peixe identificado com o rótulo azul do Marine Stewardship Council. Os alimentos processados devem ser consumidos de forma bastante moderada, dado exigirem bastantes recursos para a sua produção e para as respetivas embalagens.
- Reutilize, reutilize, reutilize. Evite os objetos de utilização única, como embalagens plastificadas, de takeaway, talheres e copos descartáveis, palhinhas de plástico. Use sacos reutilizáveis para as compras, leve as próprias embalagens para os serviços de takeaway e inclusivamente para compras a granel, frescos como fiambre e queijo incluídos, uma vez que os supermercados já o permitem. Reaproveite os frascos de vidros para armazenar os alimentos, etc. Use o que tem em casa o máximo de vezes que puder, trocando por versões mais amigas do ambiente (no caso dos recipientes e embalagens, por exemplo) apenas no final de vida útil. Use garrafas de plástico velhas para floreira, sistemas de rega ou comedouro para pássaros. As cortinas de banho podem servir para proteger mobília quando pintar alguma divisão. As T-shirts velhas podem ser cortadas e usadas como panos de limpeza. Com pouco esforço, um escadote de madeira pode converter-se em floreira, estante ou suporte de toalhas na casa de banho. Pode fazer um relógio de parede com a roda de uma bicicleta ou até mesmo uma bancada com a própria bicicleta como base.
Tudo isto para lhe dizer que frequentemente há muitos destinos que pode dar às coisas antes de as deitar fora e, claro, pode sempre doar; instituições, escolas ou oficinas de marcenaria, por exemplo, ou até amigos, são um bom ponto de partida.Comprar em segunda mão é outra opção a considerar. De roupa a acessórios para criança e adultos a mobiliário e dispositivos eletrónicos, multiplicam-se as lojas que já oferecem essa possibilidade. Aproveite.
- Recicle. Cada vez mais é importante separar o lixo e os resíduos domésticos e colocá-los no contentor mais indicado. Isto significa menos plástico acumulado nos oceanos e menos animais feridos e mortos como consequência. O óleo alimentar danifica os canos e polui as águas residuais com que entrarem em contacto. As pilhas possuem metais pesados que contaminam os solos e os lençóis freáticos, e estes são apenas alguns exemplos. Reciclar permite ainda preservar os recursos naturais.
- Repare. Se alguma coisa se estragar em casa, pense um pouco antes de se precipitar em deitá-la fora. Frequentemente compensa levar a reparar, não só económica como ambientalmente. Algo tão simples como colar uma sola, pôr um fecho novo, arranjar a torradeira ou pôr mais umas prateleiras ou puxador num armário pode poupar-lhe algumas dezenas de euros e não atulha os aterros. Muitos destas reparações até podem ser feitas em casa, se se tiver jeito – caso não haja, o YouTube está cheio de tutoriais que podem ajudar. Se puder prolongar a vida útil daquilo que o rodeia, o planeta agradece; a sua carteira também.