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Moda: missão sustentabilidadeModa: missão sustentabilidade

Moda: missão sustentabilidade

Moda: missão sustentabilidade

Vestir-se de forma sustentável é não só uma forma de poupar recursos essenciais como a água e de reduzir o desperdício, como também de promover um comércio mais justo e ajudar inúmeras comunidades.

Sabia que uma das maiores indústrias do mundo – a moda – é também uma das que apresenta uma da maior pegada ecológica, sendo responsável por dez por cento das emissões globais de dióxido de carbono e cerca de 93 mil milhões de metros cúbicos de água/ano?

Se tivermos em conta que esta indústria é também uma das maiores responsáveis pelo plástico que chega aos oceanos é fácil perceber-se por que motivos a moda constitui atualmente uma “emergência ambiental e social”, de acordo com a UNECE – Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa. Daí a necessidade de os envolvidos, consumidores e indústria, contribuírem para a alteração deste panorama.

Para travar o avanço da degradação social e do desgaste ambiental, a resposta está na sustentabilidade. Aos poucos, a indústria começa a melhorar as condições e a optar pelo uso de fibras orgânicas ou de origem sustentável e pela reutilização de tecidos. São também muitas as marcas a apelar já a um consumo consciente, como a Adolfo Dominguez, numa campanha lançada o ano passado.

Mais do que uma moda, uma forma de estar

Ao mudar os hábitos de consumo para se vestir e calçar de forma sustentável, conseguirá minimizar de forma significativa – sobretudo se pensarmos em larga escala – o seu impacto no ambiente, já que o vestuário, calçado e acessórios provenientes de marcas sustentáveis são produzidos a partir de matérias naturais/orgânicos ou reciclado, cuja exigência no que respeita a tratamento químico, água, fertilizantes, pesticidas ou energia é mínimo ou mesmo nulo. Contribuirá igualmente para reduzir a quantidade de lixo nos aterros e, não menos importante, estará a contribuir para um comércio mais justo, que pressupõe condições de trabalho mais dignas.

O que podemos e devemos fazer

  • Apoie marcas éticas –  Informe-se sobre a origem da roupa das suas marcas preferidas, quem fabrica, em que condições, com que tipo de materiais, etc.
  • Aposte em roupa de qualidade – Quanto melhor e mais durável for a roupa, menos precisará de comprar a médio e longo prazo. Opte por alguns modelos intemporais e peças funcionais, que lhe permitem estar sempre bem.
  • Trate bem da roupa – Leia a etiqueta e siga as recomendações de lavagem e secagem, preservando as peças em bom estado por mais tempo, o que permite, por exemplo, doá-la a instituições, passá-la a familiares e amigos ou vendê-la em lojas de segunda mão.
  • Lave a roupa com a máquina cheia para reduzir o desperdício de água e a baixa temperatura. Sempre que possível, seque a roupa ao ar e evite a máquina de secar. Os detergentes orgânicos são igualmente uma boa aposta, de preferência comprados a granel para reduzir a quantidade de embalagens.
  • Mude os seus hábitos de consumo – Evite as compras por impulso. Habitue-se a passar sempre o guarda-roupa em revista antes de adquirir novos artigos de vestuário ou calçado.
  • Troque roupa – Familiares e amigos são excelentes opções para renovar o seu guarda-roupa sem comprometer o ambiente nem a carteira.
  • Adira à roupa em segunda mão – Só no nosso país, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente, são deitados fora milhares de toneladas de peças de roupa; em 2017, por exemplo, o total de roupa recolhida do lixo urbano ultrapassou as 200 mil toneladas.
  • Procure o certificado – Algumas normas de certificação independentes permitem saber se a peça que está a comprar é sustentável. É o caso, por exemplo, da Better Cotton Initiative, cujo símbolo indica que está a adquirir um produto de algodão procedente de uma marca ou revendedor empenhado em melhorar a subsistência e desenvolvimento económico nas plantações de algodão, e da Global Organic Textile Standard (GOTS), a norma para o processamento de têxteis feitos em fibras orgânicas com base em critérios ecológicos e sociais.

Sustentavelmente nacional

Em Portugal, são já muitas as marcas a assumirem a sustentabilidade como um compromisso, uma tendência em franco crescimento. Conheça algumas das muitas a darem cartas entre nós:

  • Zouri: reutiliza o lixo plástico apanhado na limpeza de praias portuguesas e outros materiais ecológicos e sustentáveis para a produção de calçado.
  • Miss Castelinhos: tendo como matéria-prima excedentes de algodão orgânico de fábricas têxteis, produz de forma artesanal peças que acompanham o crescimento dos mais novos e que podem ser devolvidos, recebendo um desconto de 30% na compra seguinte, para serem revendidos a preços mais acessíveis a outras famílias.
  • NÄS: com artigos 100% produzidos localmente, com materiais sustentáveis, aposta em linhas minimalistas e no reaproveitamento daquilo que já existe.
  • Cuscuz: marca de acessórios de moda e design com feitos à mão recorrendo a materiais naturais reutilizados;
  • Isto: com peças de roupa adaptadas às exigências do dia a dia, privilegia a qualidade sobre a quantidade, produzindo com matérias-primas naturais e orgânicas.

Sabia que…

  • De acordo com a Organização das Nações Unidas, um simples par de calças de ganga requer um quilo de algodão para a sua produção e para produzir esta quantidade de algodão, são utilizados entre 7.500 e 10 mil litros de água, que equivalem à quantidade de água necessários para hidratar uma pessoa durante 10 anos?
  • Para fazer uma T-shirt de algodão utilizam-se 2.700 litros de água, a mesma quantidade que um adulto bebe em dois anos e meio?
  • Atualmente, cada pessoa compra, em média, mais 60% da roupa que adquiria há duas décadas, mantendo-a metade do tempo?
  • A indústria da moda é a segunda maior consumidora das reservas de água mundiais?
  • Todos os segundos um camião de lixo cheio de roupa é incinerado ou enviado para aterros?
  • Segundo o fabricante Levi Strauss um único par de calças de ganga 501 é responsável pela produção de 33,4 kg de CO2 ao longo da sua vida útil?