Slow Travel: Viagens pelo mundo num pulsar mais lento
Slow Travel: Viagens pelo mundo num pulsar mais lento
No ritmo frenético em que vivemos, com minutos contados e tarefas intermináveis, o slow travel é uma forma não só de recuperar do cansaço acumulado ao longo do ano e reduzir o stress, mas, sobretudo, de desfrutar verdadeiramente da experiência.
Inspirado no movimento slow, que tem como objetivo um ritmo de vida mais lento que permite descontrair e desfrutar das coisas simples, o slow travel é uma filosofia alternativa de viajar que incentiva as pessoas a abrandar o ritmo de vida, a viver o momento, a descontrair e a desfrutar das coisas simples, priorizando uma experiência de viagem personalizada e responsável.
Incentivar ao abrandamento do ritmo de vida enquanto se viaja, para possibilitar uma maior conexão àquilo que nos rodeia, nomeadamente às pessoas e cultura locais, à comida e à Natureza, dando prioridade à qualidade das atividades e experiências em detrimento da quantidade, tão típica do turismo massificado.
Este é o principal objetivo do slow travel, uma abordagem alternativa à forma como se viaja que “assenta na ideia de que uma viagem deve educar e ter um impacto emocional, e ser simultaneamente sustentável para as comunidades locais e para o ambiente”, explica-se na EHL Insights, plataforma da escola de gestão hoteleira suíça EHL.
Na revista de viagens Condé Nast Traveler, slow travel “significa reduzir as nossas próprias obsessões condicionadas pelo tempo e permitir que o mundo se mova um pouco mais devagar para que possamos realmente reparar nele. As viagens lentas são uma mentalidade: não são necessárias três semanas de férias para abrandar. Um dia passado a passear por um bairro desconhecido sem uma lista de afazeres abarrotada ou a explorar um parque estatal com nada mais do que um mapa do percurso e um saco de snacks pode ser considerado uma viagem lenta. Tudo se resume à forma como nos envolvemos com o mundo à medida que o percorremos”.
Trata-se no fundo de ter tempo para apreciar as coisas, de se sentar num café e interagir com as pessoas, de se deixar ir pelos locais sem hora de regresso, integrando-se no seu destino, evitando, por exemplo, aquilo que se designa por fadiga de viagem, a sensação de exaustão com que frequentemente se regressa das férias, devido a tentar-se fazer-se o máximo de coisas no tempo que se tem disponível, supostamente para se recuperar do ritmo frenético da rotina diária. De viver o destino e não apenas visitá-lo.
Por onde começar?
Para ‘viajar lentamente’ não precisa de ter longos períodos de férias, essa é uma ideia errada. É possível fazê-lo mesmo durante curtos períodos de tempo, um fim de semana prolongado, uma semana ou até menos; o que importa é ter tempo para explorar com tranquilidade o destino escolhido – se não tiver muitos dias disponíveis, escolha um destino mais próximo e concentre-se no mesmo.
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Não faça planos
Centre-se no básico, deixando margem para o acaso. Convém marcar data e modo de partida, pelo menos, e alojamento para a primeira noite – aqui vai depender do tipo de programa pretendido – e data e modo de regresso (se for sozinho e trabalhar remotamente for uma possibilidade, isto é algo que poderá deixar em aberto; nunca se sabe o que o destino lhe reserva).
Além do menor stress – não terá de se preocupar com uma lista imensa de afazeres e locais para visitar –, e consequentemente de um menor cansaço, o slow travel permite-lhe uma experiência mais completa: conhecer mais a fundo o que de facto lhe desperta interesse, integrar-se nas comunidades, descobrir segredos ‘escondidos’, cantos e recantos menos turísticos mas mais genuínos, por exemplo.
Como chegar
Idealmente o slow travel, tal como o nome sugere, deve ser feito recorrendo a meios de transporte/trajetos (mais) lentos. Ir de comboio em vez de apanhar um avião, por exemplo. Se optar pelo carro, prefira estradas secundárias, evitando autoestradas e vias rápidas monótonas. Outra hipótese é alugar uma autocaravana, que lhe permite fazer o seu próprio caminho, fora dos circuitos habituais.
Viajar de avião não se enquadra muito no espírito do slow travel – não permite tomar consciência de por onde se passa -, mas, muitas vezes, não há outra hipótese de chegar ao destino pretendido, dado o maior tempo exigido; nestes casos, e como o slow travel está muito ligado à sustentabilidade, prefira, sempre que possível, companhias aéreas que compensem as emissões de CO2. No destino, opte pelos transportes locais, pela bicicleta e por andar a pé.
Onde comer
Prefira restaurantes locais, que apostem num menu ecorresponsável, com produtos locais e sazonais, com uma política de boa gestão de recursos, zero desperdício. Além de mais sustentável, estará também a contribuir para a economia local.
Dar preferência a pequenas empresas familiares e locais é, aliás, um dos aspetos a ter em consideração quando se viagem em modo mais lento. Do alojamento à alimentação, passando pelo vestuário, decoração, etc., prefira os negócios locais que respeitem o ambiente e os recursos.
Custos envolvidos
No que toca ao orçamento a disponibilizar, embora esta forma de viajar mais tranquila possa revelar-se menos dispendiosa do que o tipo de férias mais tradicional, não é algo linear. Depende, naturalmente, da forma de chegar ao destino, do alojamento escolhido, do programa escolhido – há programas exclusivos para slow travelers – e até mesmo dos restaurantes escolhidos – já é muito razoável o número de restaurantes com estrela verde Michelin (distinção anual que destaca os restaurantes mais avançados em termos de práticas sustentáveis) e alojamentos 5 estrelas pautados por este espírito que veio definitivamente para ficar.
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