Notas em Dia
Como ensinar o seu filho a gerir o seu dinheiroComo ensinar o seu filho a gerir o seu dinheiro

Como ensinar o seu filho a gerir o seu dinheiro

Como ensinar o seu filho a gerir o seu dinheiro

A educação financeira e a preocupação com o dinheiro devem começar desde cedo em casa para as crianças aprenderem não só o seu valor mas também a geri-lo de forma consciente e informada

Diariamente bombardeadas com publicidade na televisão, computadores, telemóveis e até mesmo na rua, é importante que as crianças e os jovens aprendam a fazer escolhas mais responsáveis e no seu melhor interesse, sobretudo numa época como a que vivemos, em que o movimento do dinheiro é feito cada vez mais através de cartões e aplicações digitais, e o dinheiro na mão tende a rarear. As dicas que se seguem podem ajudá-lo neste processo.

Converse sobre dinheiro desde cedo

Desde que saiba contar, qualquer criança consegue compreender o conceito de dinheiro. Comece por lhe ensinar a distinguir moedas e a contá-las. Introduza conceitos de educação financeira como o valor do dinheiro, o caro e o barato. Aproveite para explicar, no supermercado, por exemplo, o que significam as promoções, confirmar que se trata de promoção e não de estratégia de marketing, comparar preços do mesmo produto para descobrir a opção mais barata. Se tiver filhos pequenos e for com eles ao supermercado ou mercearia do bairro, por exemplo, ou pastelaria, procure pagar em dinheiro e receber troco, confrontando-os com questões do dia a dia (se um chocolate custar 2€ e eu pagar com uma nota de 5€, quanto devo receber de troco, etc.). Não menos importante, explique-lhes a forma como as suas ações se refletem na economia da casa. As luzes acesas aumentam a conta da eletricidade, não fechar a torneira a lavar os dentes representa não só pagar mais no final do mês, mas também impacto no planeta, etc. Naturalmente, há que adaptar a conversa e respetiva complexidade à idade da criança, para que comecem a perceber o valor do dinheiro.

Dê-lhe uma mesada ou semana para aprender a gerir o seu dinheiro

Dar mesada ou semanada é uma das melhores formas de ensinar os mais novos a gerirem bem o seu dinheiro. Explique-lhes para que é a mesada, que devem fazer contas para a gerir durante todo o mês ou semana, mas deixe-os aprender com os erros. As crianças mais novas devem ter um sistema de semanada, e só numa idade mais avançada – por volta dos dez anos – se deve fazer a transição para a mesada, uma vez que a noção de tempo e a gestão podem ser mais difíceis de entender pelos mais novos.

Aprender a poupar desde cedo

Poupar é um dos primeiros hábitos que se deve procurar incutir nas crianças quando se trata de dinheiro e, para isso, tudo o que precisa para começar é o tradicional mealheiro. E quanto mais cedo melhor.

Quando instituir a mesada ou semanada aos seus filhos, fale sobre a diferença entre necessidades e desejos e dê-lhes noções de poupança, encorajando-os a retirar uma percentagem da mesada/semanada (10%, idealmente 20%) para poderem concretizar algum sonho no futuro, depois de amealharem o suficiente para pagar algo mais caro que desejem. Desde comprar um brinquedo, por exemplo, numa fase inicial, um gadget, uma moto, um carro ou ajudar com as propinas da faculdade ou para a viagem de finalistas, entre outras possibilidades, tudo é viável, bastando ajustar às diferentes idades e maturidade
Depois, sempre que os seus filhos receberem a semanada, mesada ou dinheiro pelos anos e Natal, por exemplo, habitue-os a depositarem esse valor no mealheiro ou conta bancária.

Independentemente de tudo isto, os pais devem ter o cuidado de criar sempre uma conta-poupança para os seus filhos.

Leia também: Adolescentes: aumentar as poupanças em simples passos

Educação para o consumo

Todos aprendemos melhor com exemplos, especialmente as crianças, por isso evite compras impulsivas na sua presença (ou mesmo quando estão ausentes). Explique-lhes a importância de se ponderar as compras, de avaliar se de facto querem comprar ou se estão a ser manipulados pelos anúncios.

Aproveite e explique-lhes também as vantagens de não se precipitarem nas compras e esperarem por promoções ou dias especiais como o Dia de Compras na Net ou a Black Friday, a 29 de outubro e 26 de novembro, respetivamente, este ano, ou compararem o preço em várias lojas, online, por exemplo.

Lembre-se de que por mais conversas e conselhos que tenha sobre dinheiro com os seus filhos, se não der o exemplo, pouco ou nada adiantará.

Ensine-os a ponderar

Quando o valor do que se pretende adquirir é elevado, é sempre bom esperar um ou dois dias para se decidir se de facto vale a pena comprar e gastar o dinheiro que se levou tempo a juntar. Se passado o “tempo de ponderação” (24-48 horas ou mesmo mais), a decisão de comprar se mantiver, há outro passo ainda que pode ser dado: comparar preços em busca de alternativas mais em conta; não faltam promoções.

Ajude-o a identificar a pressão de grupo

Do calçado ao vestuário e gadgets vários, entre outras coisas, é muito fácil ceder à pressão dos pares, amigos e colegas, por exemplo. É importante explicar que pertencer a um grupo ou ser amigo de alguém não deve depender daquilo que se tem ou adquire. Não será, como deve calcular, uma tarefa fácil, mas é uma batalha que deve ser trabalhada. E vai muito além da forma como se gasta o dinheiro.

Limite o tempo de televisão

Uma das formas de limitar o consumismo passa, por exemplo, por restringir o tempo de televisão aos mais novos, evitando assim que sejam bombardeados com “avalanchas” de anúncios, especialmente em épocas como a que está a chegar, antecedendo o Natal.

Aproveite o tempo passado em casa para jogos em família ou outras atividades em comum como hobbies e, porque não, sair mais de casa e desfrutar do ar livre e do contacto da natureza, especialmente tendo em conta o clima privilegiado que temos.

Livros de educação financeira

Uma boa forma de ajudar as crianças a desenvolver e/ou consolidar os conhecimentos financeiros, assim como competências de leitura, é oferecer-lhes livros – aliás, sempre uma boa sugestão para a lista de Natal – sobre o assunto. Para lhe facilitar a vida, reunimos algumas sugestões:

  • Pai, ensinas-me a poupar?, Paulo Jorge Silveira Ferreira e Sílvia Alambert
  • Curso de como gerir o meu dinheiro, Rita Vilela
  • Faz crescer o teu mealheiro, Elisabete Lourenço
  • Educação financeira para crianças e adolescentes, Ricardo Ferreira
  • Guia prático da educação financeira, Adelaide Miranda