Notas em Dia
Salários de agosto e setembro mais elevados. Saiba porquê

Salários de agosto e setembro mais elevados. Saiba porquê

Salários de agosto e setembro mais elevados. Saiba porquê

Em agosto certamente verificou que o valor do salário depositado na sua conta bancária foi superior ao dos meses anteriores e o mesmo vai acontecer já em setembro. Mas esta “benesse” vai ter consequências no IRS no próximo ano

Foi certamente uma surpresa agradável olhar para os movimentos da conta onde é depositado o ordenado e verificar que em agosto o salário foi mais generoso, situação que se vai repetir em setembro devido ao facto de as tabelas de retenção do IRS terem sido ajustadas, com redução temporária dos descontos feitos nestes meses para compensar descontos excessivos entre janeiro e julho.

Com a aplicação de novas tabelas de retenção do IRS com taxas mais baixas em agosto e setembro de 2025, não haverá qualquer retenção na fonte nos dois meses atrás referidos para salários brutos até 1136€ (para pensionistas o limite é 1116€; abaixo deste valor não é feita retenção em agosto e setembro). Para salários brutos acima desse valor, o desconto é inferior ao dos meses anteriores, daí o valor superior do ordenado líquido recebido. Com este ajuste pretende-se equilibrar o imposto descontado em excesso aos contribuintes na primeira metade do ano.

De acordo com contas feitas pela consultora EY estas serão algumas das alterações resultantes desta medida:

ExemploGanho agosto/setembroImpacto posterior (valor mensal)Repercussões no IRS 2026
Solteiro a ganhar  1000€ brutos/mês+58€/mês+2€/mês a partir de outubroReembolso menor ou paga imposto
Solteiro a ganhar  1500€ brutos/mês+178€/mês+5€/mês a partir de outubroReembolso menor ou paga imposto
Casal com dois filhos a ganhar  3000€ brutos/mês+610€ em dois meses+12€/mês a partir de outubroReembolso menor ou paga imposto

Consequências fiscais

As boas notícias ficam por aqui. É que, embora, nesta fase, esta medida aumente o rendimento líquido, este aumento vai repercutir-se no acerto do IRS em 2026, que é referente à totalidade do rendimento auferido em 2025.

Como o reembolso do IRS se prende com o valor do imposto retido ao longo do ano, o facto de ser descontado menos agora poderá traduzir-se num menor reembolso de IRS ou mesmo na necessidade de pagar ao Estado na liquidação de imposto no próximo ano.

Como pagar menos IRS no próximo ano

O melhor é começar já a fazer o que pode para maximizar o reembolso de IRS no próximo ano ou minimizar o imposto a pagar ao Estado. Por exemplo, peça sempre fatura com número de contribuinte e valide-as no e-Fatura. Até porque o concurso Fatura da Sorte, que tem estado suspenso, vai ser, ao que tudo indica, relançado num novo formato até ao final deste ano.

Controle as despesas passíveis de dedução, nomeadamente as despesas gerais familiares, saúde, medicamentos de uso veterinário, educação, juros crédito habitação, rendas, lares, pensão de alimentos, serviços de mecânica automóvel, cabeleireiros, ginásio, passes mensais e bilhetes de transportes públicos, jornais e revistas, restauração e alojamento.

Pode também subscrever um plano poupança-reforma (PPR), que, além de dedução no IRS, permite-lhe viver a reforma com maior tranquilidade.

A ponderar

Para evitar percalços no próximo ano, ponha de lado todos os meses uma parte do rendimento extra recebido nestes meses para ver as suas poupanças crescerem e poder fazer face à eventual necessidade de ter de pagar IRS adicional no próximo ano.

Lembre-se que algumas mudanças de hábitos podem fazer diferença – e muita, por vezes – nas finanças pessoais e/ou familiares:

  • Registar todas as despesas, mesmo o simples café pela manhã, planear as suas compras e fazer sempre uma lista do que de facto precisa antes de ir ao supermercado, fazer a maioria das refeições em casa e preparar marmita(s) para levar para o local de trabalho, preferindo alimentos de época, reduzir o consumo de água e eletricidade, por exemplo.
  • Definir um orçamento familiar, um passo essencial para ter uma noção clara do estado das finanças pessoais/familiares e conseguir poupar dinheiro.
  • Rever os seus créditos e seguros e tentar renegociá-los com a seguradora ou o banco se já não forem vantajosos.
  • Consolidar créditos pessoais, cartões de crédito e linhas de crédito e/ou juntar todos os seguros familiares na mesma companhia. Simule agora.

Leia também: Escalões IRS: saiba o que muda em 2025