Como fazer face à subida generalizada de preços. Dicas para esticar (ainda) mais o orçamento
Como fazer face à subida generalizada de preços. Dicas para esticar (ainda) mais o orçamento
A subida generalizada dos preços exige uma mudança de hábitos e o repensar de estratégias para superar os tempos críticos que se avizinham. Deixamos-lhe algumas dicas para o conseguir fazer.
Com a crescente escalada dos preços, quer nos bens, quer nos serviços essenciais, a que se vem aliar a subida já anunciada dos juros associados aos créditos, gerir o orçamento familiar torna-se cada vez mais uma tarefa difícil.
Fazer face a esta conjuntura que, tudo indica, se vai agravar ainda mais, comprometendo cada vez mais a saúde financeira dos consumidores, requer um planeamento meticuloso e uma revisão do orçamento. E por falar em orçamento, é mesmo por aqui que deve começar.
Ter a noção exata dos seus rendimentos mensais e saber quanto e onde está a gastar é o primeiro passo para conseguir gerir as suas finanças. Tendo estes valores em conta (ajuda e muito reunir todas as faturas, seja do café, supermercado, serviços contratados, de saúde, prestações de créditos, etc.), é essencial olhar para os gastos e distinguir os essenciais dos supérfluos, i.e., gastos não essenciais, e que por vezes representam uma parte significativa das despesas. Nestes últimos, incluem-se compras por impulso (supermercado incluído), refeições fora, saídas à noite, cinema, jogos de futebol, por exemplo, ou mesmo roupa, calçado e acessórios, já para não falar de gadgets que ou não precisa ou raramente são usados. A lista de bens e serviços supérfluos varia de pessoa para pessoa; o critério é considerar os artigos e serviços que não fazem falta e sem os quais é possível viver e também todos aqueles passíveis de serem substituídos por outros mais baratos.
No supermercado
Pode parecer complicado ou mesmo impossível, mas manter o mesmo valor para as compras mensais de supermercado é um cuidado que deve ter. É fácil? Não, mas com algum esforço, verá que consegue. Estar atento às promoções (atenção: compare o preço por quilo ou litro) e comparar os preços entre supermercados, optar por marcas brancas que são geralmente mais baratas, comprar a granel para evitar o desperdício ou em grandes quantidades sempre que a redução do preço compensar, adquirir produtos de época que normalmente são mais acessíveis e fazer compras depois de comer por forma a evitar os impulsos motivados pelo estômago vazio, são rotinas a adotar. Sem esquecer, claro, as listas de compras, por mais pequenas que sejam, evitando que traga artigos desnecessários e se esqueça do que precisa.
Cozinhar mais em casa em vez de comprar refeições pré-cozinhadas ou takeaway sai-lhe também bastante mais barato e há vários sites já com receitas low-cost variadas para experimentar. O que sobrar pode ser congelado ou aproveitado para a confeção de outras refeições. Sobras de batata podem ser reaproveitadas para tortilha ou puré, o frango para salada, o peixe cozido para suflé, por exemplo.
Não menos importante, planeie as refeições para toda a semana e tire umas horas para adiantar tudo ao fim de semana ou numa folga. Cozinhar várias refeições em simultâneo poupa-lhe tempo a médio prazo e permite-lhe poupar na energia.
Aplicações como a Too Good To Go, que lhe permitem adquirir comida de qualidade excedente a preços mais económicos, também ajudam, assim como levar refeições de casa para o local de trabalho em vez de comer fora.
Poupanças, onde vos quero?
Esta é também uma boa altura para analisar as suas poupanças de curto e médio prazo, caso do fundo de emergência, por exemplo, e avaliar a taxa de juro; se encontrar melhores taxas de juro noutro lado, aproveite!
Por falar em fundo de emergência, se ainda não o tem, não atrase mais a sua criação. Mesmo parecendo que não é possível esticar mais as suas finanças, o fundo de emergência é a sua rede de apoio em caso de imprevistos como desemprego – precisa de fazer face às despesas até começar a receber subsídio de desemprego –, doença ou acidente, que não acontecem apenas aos outros.
Energia elétrica, água e gás
Aqui, a poupança consegue-se poupando, passe-se a expressão. Pode tentar mudar de fornecedor ou rever condições contratuais, mas se quiser ver a fatura reduzida, só mesmo com uma mudança de hábitos, e o planeta agradece. O primeiro passo é sensibilizar toda a família para a importância de poupar recursos e, depois, passar à ação. Tomar duches rápidos (poupa água e gás ou luz), fechar as torneiras enquanto lava os dentes ou toma duche, instalar redutores de caudal, aproveitar a água da lavagem e/ou cozedura dos legumes para rega, apagar as luzes quando se sai de uma divisão, desligar da corrente eletrodomésticos ou equipamentos que não estiverem a ser usados, aproveitar ao máximo a luz solar, isolar a casa, calafetar janelas, usar as máquinas de lavar apenas quando cheias, tapar os tachos enquanto cozinha para não perder calor, são alguns dos muitos hábitos simples que todos podemos adotar. Não menos importante, habitue-se a comunicar regularmente as leituras dos contadores às empresas fornecedoras: não só lhe permitirá uma noção mais correta dos seus hábitos de consumo como evita a chegada de faturas “volumosas” que possam destabilizar a sua saúde financeira.
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Telecomunicações
Já que falamos em eletricidade, os serviços de telecomunicações e streaming são pontos que necessariamente precisa de rever. Leia atentamente os contratos e, se não estiver no período de fidelização, compare preços e mude de operador sempre que for mais vantajoso. Canais premium e videoclube deverão ser as primeiras coisas a cortar. Tal como subscrições a canais de música e serviços premium de compras online. Pode parecer radical, mas esticar o orçamento em tempos de crise e recessão só mesmo com alguma contenção.
Mobilidade mais suave
Apesar da descida de preço que os combustíveis têm vindo a registar, a verdade é que abastecer o depósito é um verdadeiro rombo na carteira. Andar mais a pé – precisa mesmo de ir de carro tomar café ou fazer as compras para o dia? –, recorrer aos transportes públicos, gratuitos em alguns municípios, partilhar o carro ou optar pela bicicleta (convencional ou elétrica) ou trotineta (atenção à velocidade) permite-lhe ver reduzido o preço das faturas. Basta pensar, por exemplo, que o preço do passe Navegante (40€) não dá para abastecer carro e, em alguns casos, nem para meio depósito dá.
Seguros
Reveja os seus seguros, especialmente o do automóvel que, por norma, tem um aumento anual. Faça um comparativo de condições e custo entre seguradoras e mude sempre que ache necessário.